A reivindicação da violência: gênero, sexualidade e a constituição da vítima*
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
---|---|
AFILIAÇÃO(ÕES) | Universidade Federal da Paraíba, Brazil; Universidade Federal de Pernambuco, Brazil |
ANO | 2017 |
TIPO | Artigo |
PERIÓDICO | Cadernos Pagu |
ISSN | 0104-8333 |
E-ISSN | 1809-4449 |
EDITORA | Publisher 32 |
DOI | 10.1590/18094449201700500007 |
CITAÇÕES | 1 |
ADICIONADO EM | 2025-08-18 |
MD5 |
28ebfcdeca42246481dc5b4899237058
|
Resumo
Resumo Este artigo objetiva discutir como relações de gênero e de sexualidade operam na tessitura de narrativas sobre violência e como a reivindicação narrativa da violência atua no perfazimento de relações de gênero e de sexualidade. Valho-me da análise de narrativas a respeito do 'caso Emília' – um caso de estupro e assassinato – acionadas por algumas das mulheres que compuseram o comitê dedicado a desvendar o desaparecimento. Parto de três tematizações principais: a) a de que a 'luta por justiça' requer a disputa pela legitimidade de a vítima ser uma vítima; b) a de que, no seio dessas disputas, a publicização da intimidade da dor e do sofrimento costuma operar nos contornos de legitimação de denúncias, denunciantes e vítimas, mobilizando, por exemplo, noções de gênero ligadas à maternidade; e, por fim, c) a de que as reivindicações da violência tendem a atualizar convenções morais acerca da sexualidade, como aquelas que envolvem as noções de 'prostituição' e 'tráfico de pessoas'.