Dias e noites em Tamara – prisões e tensões de gênero em conversas com 'mulheres de preso'
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
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AFILIAÇÃO(ÕES) | Universidade de São Paulo, Brasil |
ANO | Não informado |
TIPO | Artigo |
PERIÓDICO | Cadernos Pagu |
ISSN | 0104-8333 |
E-ISSN | 1809-4449 |
EDITORA | Universidade Estadual de Campinas UNICAMP |
DOI | 10.1590/18094449201900550006 |
ADICIONADO EM | 2025-08-18 |
Resumo
Resumo Proponho, neste trabalho, uma reflexão teórico-metodológica que trata da pesquisa sobre prisões desde o lado de 'fora'. Argumento que as pessoas (em sua maioria mulheres) que visitam esposos e filhos privados de liberdade são parte crucial na conformação da prisão extramuros. As relações que as 'mulheres de preso' estabelecem com seus familiares, produzidas e mediadas pela prisão, demandam que elas atravessem as fronteiras prisionais para abastecer os presos com alimentos, roupas, cuidados e informações. Esse processo envolve trânsitos entre cidades, redes de solidariedade, confianças, desconfianças e discussões que ocorrem nas filas na porta da prisão e nas hospedarias que abrigam mulheres no período de visitas. A pesquisa de campo que informa este artigo se desenvolve em uma dessas hospedarias e na porta de uma prisão, contribuindo para a perspectiva de que os esforços analíticos sobre a prisão devem considerar os seus movimentos do lado de 'fora'. As conversas entre mulheres, visitas e antropóloga também indicam articulações com gênero e sexualidade em relação aos desafios etnográficos que envolvem as muitas tensões em campo.