Detectando más-formações, detectando riscos: dilemas do diagnóstico pré-natal
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
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AFILIAÇÃO(ÕES) | Centre de Recherche, Médecine, Sciences, Santé, Santé Mentale, Société, França |
ANO | 2011 |
TIPO | Artigo |
PERIÓDICO | Horizontes Antropologicos |
ISSN | 0104-7183 |
E-ISSN | 1806-9983 |
EDITORA | Publisher 71 |
DOI | 10.1590/s0104-71832011000100004 |
CITAÇÕES | 1 |
ADICIONADO EM | 2025-08-18 |
MD5 |
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Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar os fatores que moldam as culturas materiais da biomedicina contemporânea. Trata do desenvolvimento histórico das técnicas diagnósticas e de como elas definem a 'norma' e influenciam a evolução dos comportamentos dos profissionais e dos familiares. Pretende-se esclarecer esses processos a partir de uma reconstrução da evolução histórica do diagnóstico pré-natal, seguida de uma análise detalhada do caso de uma anomalia particular: as ACS, ou seja, as aneuploidias dos cromossomas sexuais. Embora alguns casos de ACS impliquem graves problemas de saúde, que chegam a comprometer a própria sobrevivência do indivíduo, a grande maioria das crianças que possui um número anormal de cromossomas sexuais é afetada por uma deficiência que pode ser qualifi cada como 'menor' (em numerosos casos o diagnóstico definitivo das ACS só se coloca na adolescência). Assim, especialmente nos contextos em que existe o aborto legalizado, o diagnóstico pré-natal visibiliza a construção do 'feto anormal' e o 'risco de ter uma criança anormal' como fenômeno técnico-social, construído ao longo do tempo, de maneira indissociável, pelas técnicas da biomedicina, pela organização do trabalho médico, pelas limitações legais e pelas considerações socioculturais