Povos indígenas e violações no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
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ANO | 2023 |
TIPO | Book |
PERIÓDICO | Sens public |
ISSN | 2104-3272 |
EDITORA | Consortium Erudit |
DOI | 10.7202/1098424ar |
ADICIONADO EM | 2025-08-29 |
Resumo
O presente texto tem por objetivo analisar a situação dos povos indígenas do Brasil no contexto da pandemia da Covid-19, valendo-se de dois movimentos teórico-metodológicos. O primeiro é olhar para as ações do movimento indígena brasileiro adotadas logo após o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) da pandemia do novo coronavírus, principalmente as estratégias empreendidas pelas comunidades e as organizações indígenas diante da omissão do Estado em apresentar planos e executar ações direcionadas especificamente para os povos indígenas, aumentando a vulnerabilidade e o risco de contágio pelo coronavírus. O outro olhar está centrado no Estado e na sua incapacidade de lidar com a realidade indígena brasileira. Além de o trabalho constituir-se em um importante registro e, portanto, oferecer um panorama da situação e de como os fatos se desenrolaram; o mesmo oportuniza trazer à baila reflexões sobre os desafios dos povos indígenas num contexto além da pandemia, ou seja, tal situação requer necessariamente trazer à discussão as demandas históricas dos povos que perpassam necessariamente em analisar o relacionamento do Estado com os povos originários, a urgente e necessária conclusão da demarcação das Terras indígenas e o respeito à cosmovisão indígenas sobre seus territórios. Neste sentido, a visão indígena de respeito à mãe terra e a suas riquezas naturais vem à tona para entender as origens dos surtos epidemiológicos e o quanto é vital a preservação da natureza para os povos indígenas, mas também para a própria manutenção da vida humana no planeta. Este é um recado político que o movimento indígena e suas lideranças têm repassado há muitos anos e que não foi discutido com a seriedade necessária pelos países. Os territórios tradicionais tão vitais para os povos indígenas cumprem um papel no equilíbrio da vida humana, e o capital que oprime estes povos agora obriga a todos a refletir sobre o bem viver e as consequências climáticas da destruição da biodiversidade num contexto mundial.