Dados Bibliográficos

AUTOR(ES) Clarissa Figueira
ANO 2024
TIPO Book
DOI 10.34019/ufjf/te/2023/00063
ADICIONADO EM 2025-08-29

Resumo

Esta dissertação investiga os paradoxos da luta contra a exclusão social a partir da invisibilidade da economia popular de recuperação e revenda de resíduos (biffe) na região de Ile-de-France, França, e sua expansão internacional. A pesquisa coloca em diálogo as experiências dos biffins franceses com as do Movimento Nacional de Recicladores de Materiais Recicláveis e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil. Através de uma abordagem teórica multirreferencial, combinando análise institucional, epistemologias do Sul e geografia social, a autora analisa as estratégias individuais e coletivas de produção e reprodução da vida nesses espaços, à margem do trabalho social institucionalizado. A co-supervisão com uma universidade brasileira contribuiu para reequilibrar a perspectiva da pesquisa, situada em um contexto histórico de exclusão entre dois continentes. Uma metodologia indutiva e colaborativa, que valoriza os pontos de vista dos atores, reforça a desnaturalização do olhar. A imersão no contexto brasileiro permitiu a descoberta do paradigma da opressão, influenciado pela teologia da libertação e pela pedagogia do oprimido de Paulo Freire, como fundamento dos movimentos sociais brasileiros estudados. A dimensão política das atividades desses coletivos desafia o trabalho social instituído na França. A pesquisa demonstra que o paradigma da exclusão, predominante na França, tende a atribuir aos seus beneficiários uma posição social desfavorecida, perpetuando um ciclo de práticas que reforçam a própria exclusão. A resistência dos indivíduos e grupos demonstra a não universalidade desse paradigma, revelando a reconstrução de identidades coletivas. A análise comparativa revela duas organizações antagônicas: a vida predefinida por projetos e mecanismos nas instituições francesas versus a vida construída coletivamente nos movimentos sociais brasileiros.

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