Cosmologia, crise e paradoxo: da imagem de homens e mulheres brancos na tradição Xamânica Kuna
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
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AFILIAÇÃO(ÕES) | Collège de France |
ANO | 2000 |
TIPO | Article |
PERIÓDICO | Mana |
ISSN | 0104-9313 |
E-ISSN | 1678-4944 |
EDITORA | FapUNIFESP (SciELO) (BR) |
DOI | 10.1590/S0104-93132000000100005 |
IDIOMA | PT |
ADICIONADO EM | 2025-09-10 |
Resumo
Tomando como foco uma análise da iconografia ritual kuna, este artigo procura delinear uma teoria da memória social baseando-se tanto em imagens quanto em narrativas. A emergência do Espírito do Branco na iconografia xamânica kuna refere-se à longa série de conflitos violentos entre índios e brancos que marcam a história desse povo. Todavia, uma vez inseridas na tradição ritual, essas histórias do passado se fundem e condensam em imagens complexas. Dois processos parecem operantes na elaboração dessas imagens: um tende a obliterar o fato externo para inseri-lo em um quadro conceitual indígena (a cosmologia do mundo sobrenatural); o outro emprega as ambigüidades da cosmologia para representar um aspecto saliente dos recém-chegados. O resultado é um elaborado (e ritualmente poderoso) "engrama" da tradição ritual, que passa a constituir uma parte significativa da memória social.