Canto, voz e presença: uma análise do poder da palavra cantada nas folias norte-mineiras *
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
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ANO | 2014 |
TIPO | Article |
PERIÓDICO | Mana |
ISSN | 0104-9313 |
E-ISSN | 1678-4944 |
EDITORA | FapUNIFESP (SciELO) (BR) |
DOI | 10.1590/S0104-93132014000200002 |
IDIOMA | PT |
ADICIONADO EM | 2025-09-10 |
Resumo
Durante as visitas que as folias realizam às casas dos devotos, os cantos ocupam lugar central, sendo importantes meios de interação entre os foliões , como são chamados os tocadores e cantadores que integram a equipe ritual, e deles com os moradores e o santo. Neste texto, com o foco etnográfico direcionado para as dimensões formais (como se canta), semânticas (o que se canta) e pragmáticas (o que se faz com o que se canta) do canto , discuto como a presença do santo é ritualmente construída e como se articula com determinadas relações sociais e valores culturais, aproximando e relacionando domínios - céu e terra, esse mundo e o outro, aqui e além, visível e invisível - e seres - vivos e mortos. Para levar a cabo esta análise, o canto será descrito em dois planos: primeiramente, partindo da ideia de que a palavra cantada surge, no contexto da visita de folia, como um "enunciado performativo" no qual "dizer é fazer", veremos como as dimensões poéticas e sonoras caracterizam o canto como um tipo particular de comunicação; em seguida, compreendendo o canto como "um ato de comunicação verbal", direciono o olhar para o texto cantado e para as interações entre foliões , moradores e santo, tal como criadas no contexto de uma visita da folia de São José.