Sangue, Leite e Quarentena: Notas etnográficas sobre o puerpério na cidade de Melgaço, Pará
Dados Bibliográficos
AUTOR(ES) | |
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ANO | Não informado |
TIPO | Artigo |
PERIÓDICO | CAMPOS - Revista de Antropologia Social |
ISSN | 1519-5538 |
E-ISSN | 2317-6830 |
EDITORA | Universidade Federal do Parana |
DOI | 10.5380/cam.v8i2.11169 |
ADICIONADO EM | 2025-08-18 |
Resumo
Nos meses em que vivi em Melgaço, na porção marajoara do Pará, muito me impactaram três mulheres que perambulavam pela cidade descalças, despenteadas e sempre com as mesmas roupas, rotas e amarfanhadas. Foi me explicado que o sangue puerperal tinha-lhes subido para a cabeça. Neste artigo apresento este estado patológico, principal resultado de um resguardo mal cuidado. Para tanto, descrevo um conjunto de regras de comportamento, dieta e amamentação que era sustentado para se evitar tal estado. E, ao relembrar de um conflito ilustrativo entre uma moça recém-parida e sua irmã, intento mostrar como uma complexa gama de fatores se concentram nesse período de recuperação de pós-parto tornando o cumprimento da quarentena um constante desafio enfrentado pelas mulheres e famílias melgacenses.