Dados Bibliográficos

AUTOR(ES) G. Peters , Peter N. Stearns , Katie Barclay
AFILIAÇÃO(ÕES) Universidade Federal de Pernambuco
ANO 2021
TIPO Book
PERIÓDICO Civitas
ISSN 1519-6089
E-ISSN 1984-7289
DOI 10.15448/1984-7289.2021.1.39150
ADICIONADO EM 2025-08-14
MD5 04C61B91DCA5301DA04E70103189AB4F

Resumo

O artigo arrisca uma interpretação sociológica da suposta 'pandemia de depressão' que assola a contemporaneidade. Os mal-estares psíquicos comumente descritos como experiências depressivas são compreendidos à luz das formas de subjetividade produzidas ou, pelo menos, encorajadas pela modernidade tardia. Com base no retrato sócio-histórico do 'novo espírito do capitalismo' formulado por Boltanski e Chiapello, o texto defende que os atributos de iniciativa, empreendedorismo e adaptabilidade tornaram-se imperativos da individualidade contemporânea não somente no mundo do trabalho, mas também em diversos outros domínios existenciais, tais como o cuidado com o corpo e as relações erótico-afetivas. Sem desconsiderar a inflação de diagnósticos psiquiátricos como parte das causas por trás da alegada pandemia de depressão na atualidade, o trabalho sustenta que as formas muito reais de sofrimento psíquico classificadas nesses termos são a moeda reversa, por assim dizer, de demandas sistêmicas pela autorrealização individual: o colapso depressivo da iniciativa e a ausência de 'projetos' substituem o 'empreendedorismo de si'; a interrupção do movimento sobrepuja a adaptabilidade flexível do self a uma sociedade de mudanças aceleradas; e a experiência do isolamento existencial substitui a esperada comunicabilidade do sujeito-trabalhador contemporâneo como infatigável networker. O trabalho conclui com uma reflexão sobre os limites que a civilização contemporânea coloca à 'ecologia psíquica' e à 'economia energética' dos indivíduos nela imersos.

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